Padronização na Enfermagem: o que é, como se faz e para quê?

A padronização em serviços de enfermagem pode apresentar resultados positivos

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A padronização em serviços de enfermagem pode apresentar resultados positivos que vão desde a qualificação do profissional até redução de riscos e aumento da satisfação dos usuários. Cabe à instituição e saúde encontrar as metodologias e as ferramentas mais indicadas para cada situação


A padronização em serviços de enfermagem pode apresentar resultados positivos que vão desde a qualificação do profissional até redução de riscos e aumento da satisfação dos usuários. Cabe à instituição e saúde encontrar as metodologias e as ferramentas mais indicadas para cada situação

Antes de se falar em elaboração de documentos normativos para a enfermagem tais como regimentos, normas, protocolos, procedimentos operacionais padrão (POP), se faz necessário compreender o contexto onde eles são produzidos e utilizados. Para a gestão de qualidade nas instituições de saúde podem ser usadas diversas metodologias, entre as quais, destaca-se o mapeamento e o monitoramento dos processos de trabalho e seus resultados, a identificação e priorização de problemas e suas causas.


Além destas, existem a implementação de ações preventivas e de melhoria continua, bem como um sistema de documentação. Estas metodologias permitem alcançar melhores resultados, qualificação dos profissionais, redução de riscos, aumento da segurança da assistência e satisfação dos usuários. Segundo Scartezini (2009), uma regra importante para a normatização de processos é: “só se padroniza aquilo que é necessário padronizar”. Assim, antes de iniciar padronização de procedimentos, por meio de protocolos e POP, é necessário realizar um diagnóstico situacional para conhecer os principais processos de trabalho, identificando aqueles de maior impacto ou risco, os quais precisam ser monitorados (avaliados e medidos) e, por isso, sua padronização é importante. Cada instituição ou serviço deve iniciar pelas tarefas de maior impacto ou aquelas de maior custo e, gradativamente, expandir os processos a serem padronizados, na medida do necessário. Esse processo de melhoria precisa ser realizado de modo sistemático e participativo, ou seja, elaborado e compreendido pelos colaboradores das organizações (SCARTEZINI, 2009).


Protocolos – Encontram-se na literatura diversos tipos de protocolos. Na área da saúde, podem ser citados diversos tipos como os relativos à assistência, aos cuidados, à organização do serviço, à atenção à saúde, ao acompanhamento e avaliação e também os protocolos clínicos entre outros. Essa diversidade de categorias pode ser agrupada, quanto à natureza, como protocolos clínicos e protocolos de organização dos serviços (WERNECK; FARIA; CAMPOS, 2009). Os protocolos clínicos têm foco na padronização de condutas clínicas, baseados em fundamentação técnica e científica, diretrizes organizacionais e políticas (WERNECK; FARIA; CAMPOS, 2009). Esse tipo de protocolo é bastante utilizado na enfermagem. Os protocolos de organização do serviço são instrumentos de gestão que abordam os métodos para organização do trabalho, os fluxos administrativos da instituição, os processos de avaliação, bem como a estruturação do sistema de informação que abrange toda empresa ou serviço (WERNECK; FARIA; CAMPOS, 2009).

POP – O Procedimento Operacional Padrão (POP) é um documento que expressa o planejamento do trabalho repetitivo e tem como objetivo padronizar e minimizar a ocorrência de desvios na execução da atividade. Assim, um POP garante que as ações sejam realizadas da mesma forma, independente do profissional executante ou de qualquer outro fator envolvido no processo, diminuindo assim “as variações causadas por imperícia e adaptações aleatórias” (SCARTEZINI, 2009). O manual de procedimentos, segundo Andrade (1975), é a reunião de todos os POP do serviço em um único documento, que descreve o trabalho de enfermagem a ser executado e a forma correta de fazê-lo, sendo de responsabilidade da gerência a organização do mesmo. Ressalta-se que esse documento deve ter atualização e revisão periódica, seguida da aprovação institucional de cada versão.


Regimento – Trata-se de documento utilizado para a organização do serviço de enfermagem, o qual regulamenta a estruturação, composição da equipe e o funcionamento geral do serviço de enfermagem em toda a instituição. Esse documento também determina as ações que competem a cada unidade funcional e a cada profissional da equipe de enfermagem. Para Kurcgant et al. (2010), o regimento é um ato normativo de caráter flexível, elaborado pelo enfermeiro gestor do serviço de enfermagem ou por um grupo de enfermeiros sob a sua coordenação, que orienta todo o desenvolvimento da documentação e do serviço de enfermagem da instituição.

Capacitações e multiplicação de informação em busca da excelência na assistência de enfermagem

É importante frisar que a melhoria na qualidade dos processos de trabalho não termina com a elaboração de documentos normativos ou a com sua atualização. É necessário investir em ações de capacitação e de disseminação das informações, que deverão estar sempre disponíveis e de fácil acesso aos profissionais envolvidos na execução das ações padronizadas (SCARTEZINI, 2009). Cabe ainda lembrar que os documentos normativos, embora alicerçados em referências científicas e tecnológicas, são limitados e não devem ser utilizados para além de sua real necessidade. Estes devem ser empregados a partir de constante avaliação e acompanhamento gerencial com revisões periódicas, objetivando minimizar o risco de se produzir processos de trabalho improdutivos e desestimulantes, o que é característico da falta de planejamento de gestão (WERNEK; FARIA; CAMPOS, 2009). Em síntese: a padronização de processos e procedimentos de enfermagem é utilizada como ferramenta de gestão da qualidade da instituição de saúde.


Deve ser realizada mediante a identificação de prioridades, e, para seu sucesso, necessita envolver todas as pessoas relacionadas com o trabalho de enfermagem e ser elaborada de forma coletiva, com atualização periódica e difundida por meio de educação permanente. O formato e abrangência dos protocolos e POP são variados, e, no intuito de apoiar os profissionais de enfermagem na elaboração desses documentos, o Coren-GO constituiu uma Comissão, que em breve disponibilizará as orientações gerais para elaboração de cada documento normativo, além de modelos básicos para auxiliar no processo de elaboração dos mesmos. (Maria Auxiliadora Gomes de Melo Brito, Lorena Aparecida de Araújo, Luana Cássia Miranda Ribeiro e Maria Márcia Bachion)



Referências

ANDRADE, O. B. de – [A Manual of norms and procedures of Public Health Nursing services]. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 9:455-66, 1975.

KURCGANT, P. et al. Gerenciamento em Enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.

SCARTEZINI, Luís Maurício Bessa. Análise e Melhoria de Processos / Luís Maurício Bessa Scartezini. – Goiânia, 2009. 54p.

WERNEK, M. A. F.; FARIA, H. P.; CAMPOS, K. F. C. Protocolos de cuidado à saúde e de organização do usuário. Belo Horizonte, Nescon (Núcleo de educação em saúde coletiva) da Faculdade de medicina da Universidade Federal de Minais Gerais-UFMG, Ed. Coopmed, 2009, 84p.


Fonte: corengo